Novas tecnologias da informação e da comunicação

A História da Internet de 1960 a 2000

A história e a formação da cultura da Internet segundo segundo Manuel Castells

Publicado em: 23 de out. de 2015
Atualizado em: 03 de ago. de 2021

Segundo Manuel Castells, em 1962 sugiram as primeiras ideias que levariam ao que hoje conhecemos como internet.

Já em 1969 a Agência de Pesquisas e Projetos Avançados (Advanced Research Projects Agency), a ARPA, ligada ao Departamento de Defesa dos Estados Unidos conseguir pela primeira vez interligar computadores geograficamente distantes.

O autor divide a História da Internet em três grandes eras: Militar, Acadêmica e Comercial ou Especulativa.

Era Militar (1960)

A motivação inicial para a criação da internet foi, portanto, militar. O mundo vivia a Guerra Fria e os países em geral tinham medo de serem atacados por seus inimigos. Culturalmente, os militares valorizam a disciplina, o respeito à hierarquia, a segurança e o sigilo das informações.

Era Acadêmica (1960-1980)

Para conseguir criar a Rede, a ARPA contou com Universidades e Centros de Pesquisas. Foram estas instituições que desenvolveram o DNA da internet. Nesta época algumas das principais tecnologias utilizadas até hoje na internet foram criadas, como o e-mail (1972) e o TCP-IP. Porém, a principal contribuição desta Era talvez não tenha sido de cunho tecnológico, mas sim cultural. Culturalmente os estudantes e acadêmicos americanos das décadas de 1960 e 1970 valorizavam os princípios hippies de liberdade de informação e expressão.

Em conformidade com a tradição da pesquisa universitária, os criadores da Arpanet envolveram estudantes de pós-graduação nas funções nucleares do projeto da rede, numa atmosfera totalmente relaxada do ponto de vista da segurança. Isso incluía o uso da Arpanet para conversas pessoais de estudantes e, segundo consta, discussões sobre oportunidades para compra de maconha. (CASTELLS, 2003)

Era Comercial (1990)

No início da década de 1990 a internet já era conhecida inclusive fora dos ambientes acadêmicos. Sugiram então empresas que “vendiam” o acesso à rede (provedores de acesso). Surgiram também empresas dos mais diversos setores com operações exclusivamente na internet (pontocom). Surgiu a publicidade online. O primeiro banner como usa-se até hoje foi veiculado em 1994 pela empresa AT&T. Culturalmente, a internet se voltou ao mundo dos Bussines e grandes volumes de capital especulativo passaram a ser investidos nas empresas pontocom. Isso acabou criando a chamada “Bolha digital”, que explodiu na virada do ano 1999 para 2000, quando o índice da Bolsa Nastaq despencou e várias empresas pontocom quebraram em poucas semanas (VIEIRA, 2003).

Para muitos o estouro as bolha especulativa em 2000 foi considerado quase que como o sepultamento da internet como algo popular. Contudo, foi justamente a partir deste episódio que a rede conseguiu se estabelecer como um acontecimento social irreversível e fundamental para a história da humanidade.

Indo além da classificação das eras proposta por Castells, é possível perceber que, a partir dos anos 2000, após o estouro da "bolha digital" e com a popularização das mídias sociais, temos uma nova era na História da Internet, que podemos chamar de Era Midiática.

Era Midiática (2000)

Também chamada de Web 2.0. Com suas expectativas de lucro frustradas, os investidores deixaram de financiar o oferecimento de serviços online, fazendo com que outros caminhos para manter a rede em funcionamento fossem desenvolvidos. Culturalmente, enquanto na Era Comercial a palavra chave era o lucro, na Era Midiática o foco recai sobre a audiência que os usuários podem proporcionar a uma determinada informação. Nada mais midiático do que audiência! Audiência significa pessoas. Como gerar audiência na internet?

A Internet passou a ser encarada definitivamente como um meio de comunicação de massa cujo potencial está mexendo com os fundamentos de tudo nesse setor – do rádio à televisão, da mídia impressa ao cinema. (MINISTÉRIO DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA, 2000).

Referências

CASTELLS, Manuel. Galáxia da Internet. São Paulo: Jorge Zahar, 2003.

VIEIRA, Eduardo. Bastidores da Internet no Brasil. Barueri: Manole, 2003.

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